quinta-feira, 9 de maio de 2013

Intercâmbio com a Cia. Atores de Laura

   
Bololô e Charles Fricks (Cia. Atores de Laura)

     À convite do SESC, no dia 24 de abril, a Bololô participou da programação local do Palco Giratório 2013, apresentando o Retrato do Artista Quando Coisa. Entretanto, o convite não era apenas para apresentar o espetáculo, mas também para realizar um intercâmbio artístico com a Cia. Atores de Laura, do Rio de Janeiro.

     Aceitamos empolgados, porque a Bololô acredita profundamente no intercâmbio entre coletivos como fator precioso para o crescimento e enriquecimento do grupo. O próprio Retrato nasceu a partir do intercâmbio com a Cia. Luna Lunera (de Minas Gerais) - intercâmbio este que foi uma experiência definitiva para que nós da Bololô firmássemos ainda mais decididamente nossa intenção de continuar a prática de intercâmbios, tanto para projetos futuros quanto para ações formativas do nosso presente.  Um intercâmbio artístico é encontro, é troca, é mais do que apenas "ficar por dentro" do que o outro faz, é adentrar (ainda que superficial ou incipientemente) no trabalho do outro - mais ainda, conhecer o que orienta este trabalho - e deixar, por sua vez, o outro conhecer nosso próprio trabalho, nossa criação, nossos modos particulares de transformar o mundo em arte...
     Bom, continuando nossa história... No dia 25, a Bololô assistiu (boquiaberta) ao espetáculo (maravilhoso) Filho Eterno, da Cia. Atores de Laura. E no dia 26 rumamos para o intercâmbio. Nos encontramos com o Charles Fricks, ator da Cia. Atores de Laura, e já prevíamos (pelas apresentações e breves conversas trocadas nos dias anteriores, ao final dos espetáculos) que o intercâmbio seria leve e proveitoso.
     No primeiro momento, contamos ao Charles como foi o processo criativo do Retrato, seus trancos, barrancos, descobertas, achados e tesouros. No segundo momento, propomos alguns dos procedimentos de criação que foram essenciais para o surgimento e a elaboração das cenas que mais tarde viriam compor a encenação.
     Charles aceitou nosso convite e nossas proposições com muita gentileza e disponibilidade - foi conosco para a rua, voltou o olhar para o chão e catou miudezas e coisas abandonadas, que levamos pra sala e transvimos, ressignificamos. Ressignificar objetos abandonados (ou desvinventar objetos, como diria Manoel de Barros) foi um dos primeiros exercícios que fizemos ao iniciar o processo criativo do Retrato, exercício que acabou guiando o rumo que o espetáculo iria tomar. Então criamos, inventamos, fizemos o que sabemos fazer, o que Manoel nos inspirou a fazer.
     Depois foi a vez da Bololô adentrar no processo e nos procedimentos que fizeram o Filho Eterno acontecer. Charles nos contou como nasceu o desejo de fazer o espetáculo, e como o processo foi se delineando. Experimentos alguns exercícios propostos por ele; alguns mais físicos, de treinamento, e outros que visavam mais a experimentação e criação cênica. Um dia de trabalho, e muitos aprendizados.
    A Bololô é ainda uma companhia jovem, que está construindo e refletindo sobre sua identidade, sua poética, suas formas. Essa troca, além de nos propiciar o prazer de conhecer um profissional admirável, nos abre os olhos para antever novas ou outras formas, outras poéticas, outras identidades. E com isto aprendemos. Com isto vamos encontrando nosso lugar e substanciando a arte fazemos e a que servimos.
     
 


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